Água é Vida, mas Água é Escassa.

Por P. Christopher Chatteris SJ

Hoje é o Dia Internacional da Água. P. Rampeoane Hlobo, o delegado para o Apostolado Social e Justiça Ambiental, enviou-me o artigo em anexo sobre “Água é Vida, mas Água é Escassa“, escrito por Pe. Chris Chatteris, para nos ajudar a comemorar melhor o dia com mais consciência.


Joanesburgo é agora uma cidade com cortes de água e também cortes de energia. No meu bairro existe um grupo de Whatsapp para a crise de energia e outro para a crise da água. Percebo que no grupo da água há níveis muito mais elevados de ansiedade e frustração. Isso não é surpreendente, pois pode-se sobreviver muito mais tempo sem electricidade do que sem água.

As notícias do governo local não são tranquilizadoras, nomeadamente que a Rand Water é, em média, incapaz de fornecer o consumo médio da cidade, devido a problemas de fugas massivas da água e ao actual racionamento de electricidade, que dificulta as operações de bombeamento. Isto faz-nos lembrar que Joanesburgo, em certo sentido, não deveria existir porque não tem um grande rio para fornecer água. A Cidade do Ouro conseguiu, como os estados do Golfo ricos em petróleo, importar água de outros lugares, de partes distantes do país e até mesmo de outro país (Lesoto).

A situação de Joburg não é única. De facto, esta situação está a ser reproduzida em centros urbanos menores por todo este país seco. O facto é que, se não tivéssemos todas as barragens, furos e complexos sistemas de reticulação existentes no nosso país, não teríamos capacidade para sustentar sequer uma pequena fracção da população actual. E, no entanto, a consciência desta situação perigosa encontra muita oposição. Gostaríamos de usar a água como se estivéssemos a viver nas margens do Lago Maláui (7% da água doce do mundo) ou do Lago Baikal (23%).

Não estamos a morar lá, nem está um grande número de pessoas em toda a África que também experimentam secas periódicas e contínua insegurança hídrica. Não podemos aspirar a usar água como se fôssemos canadenses.

Temos que ser parcimoniosos e cuidadosos, pelo bem comum – tomar um banho curto, lidar com a nossa obsessão sul-africana pelo carro limpo, consertar torneiras e casas de banho! A boa notícia, no entanto, é precisamente que esta crise lembra-nos de ter mais consideração pelos outros no desafio de compartilhar este dom humilde, mas infinitamente precioso, da criação de Deus. Se não cooperarmos, todos ficaremos com sede.

O que fazer? Para além dos nossos próprios esforços para limitar o nosso consumo em prol do bem comum, precisamos de responsabilizar os nossos líderes políticos e os seus funcionários. É inconcebível que os sistemas que fornecem água, algo tão essencial para uma vida digna, na verdade para a própria vida, sejam degradados por negligência e corrupção. Não se deve apenas consertar os vazamentos, mas deve-se planear também novas infraestruturas, para atender a uma população em expansão numa era de aquecimento global.

As administrações medíocres e meramente reactivas devem ser substituídas por administrações profissionais e proactivas. As consequências são, simplesmente, demasiado elevadas. As pessoas mais competentes devem ser encarregadas de executar este serviço essencial. Não permitimos que sejam nomeados políticos para pilotar os nossos aviões ou realizar operações cardíacas, então por que permitiríamos que sejam nomeados políticos para supervisionar o abastecimento da nossa água, água que é vida?

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